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Sindicato dos Administradores no Estado do Rio Grande do Sul

UMA VISÃO SOBRE GESTÃO DE CRISE

UMA VISÃO SOBRE GESTÃO DE CRISE - O SINDAERGS – Sindicato dos Administradores no Estado do Rio Grande Sul, representa os Administradores gaúchos.

Neste momento em que o mundo vive uma situação bastante insólita, que vem trazendo uma crise enorme, desde a saúde à economia, paramos para pensar nesta palavra – CRISE. Pois bem, nós como profissionais da administração já ouvimos muito sobre gestão de risco, porém, a gestão de crise é muito pouco falada, mas, afinal, existe diferença entre gestão de risco e gestão de crise? A resposta é SIM, em que pese estejam interligadas. Senão vejamos: O risco, segundo a ISO 31.000 é “o impacto da incerteza nos objetivos”, ou seja, é algo que podemos (e devemos) prever para não sermos pegos de surpresa. Na verdade, não só prever, mas gerir de forma efetiva, identificando, avaliando, controlando e acompanhando. Já a crise é um evento anormal, de natureza instável e complexa que representa uma ameaça aos objetivos, o qual pode até ser previsto, mas, normalmente não temos um plano de respostas a ela, ou um controle implementado, pois a probabilidade de que ela venha a se materializar é muito pequena, em que pese, muitas vezes, tenha alto impacto. Na avaliação dos riscos leva-se em consideração a probabilidade e o impacto nos casos de materialização dos riscos e, esse cruzamento posiciona o risco em uma matriz, facilitando a nossa análise para a tomada de decisão.

Por isso, é importante analisar aqueles riscos de maior relevância e verificar a possibilidade de que eles possam vir a virar uma crise que possa impactar ou, até mesmo, inviabilizar o negócio e, para estes casos, investir em uma análise mais aprofundada e, dependendo do entendimento, criar um plano de gestão de crises.

Em se tratando do COVID-19, observamos que o risco sequer havia sido mapeado. É claro a todos que não é a primeira pandemia internacional, já tivemos outras e com maior letalidade. Em uma situação como esta é extremamente importante aplicarmos as quatro fases de gestão de riscos, as quais citei anteriormente, levando em consideração não somente o risco de contaminação, mas, também, os impactos secundários que se apresentarão em consequência da materialização desta crise, tais como aumento na taxa de desemprego, queda na economia, crescimento da criminalidade, falta de materiais e alimentos, o que resultará em um grande caos social. Para que se controle estes riscos, temos que pensar em soluções de contorno que possam trazer alternativas que substituam a forma tradicional que estamos acostumados, teremos que nos adaptar a este novo cenário, o que se torna bastante difícil, dadas as incertezas que temos nos impactos que ainda estão por vir, o que faz com que o risco seja ainda maior, vez que, como definido pela ISO 31.000:2018, o risco é o efeito da incerteza nos objetivos, ou seja, quanto maior a incerteza, maior o risco.

Mas, tão importante quanto identificar e avaliar o risco ou a crise é definir o tratamento para mitigar ou reduzir os impactos que possam trazer, pois, se estes controles não forem bem avaliados, podem custar mais caro que o impacto do risco/crise, fazendo uma comparação, um tanto quanto exagerada, mas é o mesmo que utilizar uma bazuca para matar um mosquito dentro de casa, pois, através deste controle, podemos destruir a casa toda e, ainda por cima, assumir a possibilidade de não acertar o mosquito. Nesta linha, já dizia o médico e físico, para Celso, ainda no século XVI: A diferença entre o remédio e o veneno é a dose”.

Por fim, a crise que usei como exemplo neste artigo, qual seja, COVID-19, assim como qualquer outra, deve seguir o ciclo de gestão de crise e a análise dos controles para tratamento, para que os impactos secundários sejam os menores possíveis, pois, caso contrário, pior será a capacidade de retomada da normalidade. Convido a todos a refletir sobre estes conceitos e aplica-los no exemplo da crise que estamos vivenciando, assim, poderemos ter uma maior dimensão das ações que estão sendo tomadas, e um discernimento para identificar o quanto são acertadas ou não.

Allan Kovalscki

Diretor técnico da Armin GRC, Administrador, MBA em Gestão Empresarial e Governança Corporativa e Risco.