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Sindicato dos Administradores no Estado do Rio Grande do Sul

Onde estão os bons profissionais?

Onde estão os bons profissionais? - O SINDAERGS – Sindicato dos Administradores no Estado do Rio Grande Sul, representa os Administradores gaúchos.

Vivemos uma situação difícil na busca por novos profissionais. Temos um mercado de trabalho inchado, com muitos profissionais à disposição, porém com poucos extremamente qualificados. Ou seja, é fácil contratar, porém é difícil contratar profissionais excepcionais. Contudo, é ainda mais exaustivo e trabalhoso fazer com que tais trabalhadores permaneçam nas empresas e queiram construir uma carreira de sucesso ao lado de uma determinada companhia.

Mas por que isso aconteceu? O termo que uso é a antropofagia do mercado. O termo antropofagia vem da junção das palavras gregas anthropo, que significa homem, phagía, que é comer. A antropofagia é o ato de um antropófago, aquele que come carne humana. Portanto, entre humanos, a antropofagia é o canibalismo. No mercado de trabalho, isso acontece da seguinte forma: se cria uma tendência de restrições no modelo de profissional ideal (jovem, com formação, que esteja no início da carreira e, portanto, seja um custo mais barato para a empresa) e se estabelece que qualquer profissional que não esteja nesse espectro é “descartável”.

Desta maneira, temos um perfil bem estabelecido e outros inúmeros subjugados a mediocridade – no sentido literal da palavra. Porém, vivemos uma tendência de estreitamento da base da pirâmide etária mundial. Ou seja, o profissional ideal de alguns anos atrás hoje está inadequado ao perfil estabelecido e cada vez menos temos uma renovação à altura. O que resulta em falta de profissionais qualificados empregados e uma alta taxa de desemprego e desvalorização para profissionais 50+. Esta é a antropofagia do mercado de trabalho, pois se foram criados perfis impraticáveis que acabam prejudicando o próprio mercado.

Mas ao longo dos anos todas as soluções vieram de pessoas dispostas a romper paradigmas ultrapassados. Para se ter noção, de acordo com o ManpowerGroup, o índice global de insuficiência chegou a 75% em 2022. Temos um mercado inexperiente e com profissionais 50+ que não são aproveitados e que poderiam ser agentes dessa transformação, colaborando para o preenchimento das vagas e guiando os jovens para qualificar a sua formação.

A outra questão que precisamos tratar é a permanência destes profissionais nas empresas. Uma pesquisa realizada pela Reconnect Happiness mostra que para 41% dos entrevistados, a questão financeira é o motivo mais comum para demissão. Mas um dado interessante é que em segundo lugar, empatados com 22%, estão a discordância com as atitudes da liderança e a falta de reconhecimento e/ou de conexão com a empresa. Além disso, 25% afirmaram que qualidade de vida e flexibilidade são essenciais.

A taxa de retenção dos colaboradores, além de ser valiosa para as empresas pensarem a longo prazo e desenvolverem planos de carreira junto a seus profissionais, também demonstra o nível de felicidade dos funcionários dentro da organização. E como pudemos ver ¼ dos profissionais entrevistados pensam em flexibilidade e qualidade de vida. Fatores que são frutos de cada vez mais alvos dos investimentos das empresas, com o objetivo claro de aumentar sua taxa de retenção junto aos colaboradores.

Portanto, oferecer uma remuneração competitiva, disponibilizar benefícios interessantes e que façam sentido para a rotina e promover capacitações de acordo com as áreas são essenciais para manter talentos. Mas em paralelo trabalhar o apoio, a valorização e a promoção. Muitas vezes, o profissional que buscamos fora da empresa para um cargo mais elevado pode ser preenchido muito bem com um colaborador experiente. Para saber onde estão os bons funcionários, é preciso expandir seu olhar e procurar além dos padrões.

Adm. Jorge Avancini