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Sindicato dos Administradores no Estado do Rio Grande do Sul

A IDADE IMPORTA?

A IDADE IMPORTA? - O SINDAERGS – Sindicato dos Administradores no Estado do Rio Grande Sul, representa os Administradores gaúchos.

Você tem mais de 40, 50 ou 60 anos? Em caso positivo, você deve estar enfrentando algum preconceito contra a idade, o etarismo.

Segundo pesquisa da PwC, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, em 2040, 57% da força de trabalho será composta por profissionais com mais de 45 anos. Por outra lado, dados do IBGE apontam que desde 2013, a população com menos de 29 anos está encolhendo e que, em 2030 haverá mais brasileiros com 60 anos do que com 14 anos. Essa realidade traz inúmeras reflexões para o futuro do trabalho e das relações profissionais.  

Percebe-se com maior nitidez, já por conta de um necessário posicionamento sobre a diversidade, que preconceitos em relação a idade podem levar, por exemplo, um jovem trainee a cobiçar o cargo ocupado pelo 40+, e esse por outro lado, estar seguro de que a sua experiência poderá mantê-lo naquele lugar. Programas denominados de “jovens talentos”, atribuem a esse público uma habilidade específica, como se fosse exclusiva dessa geração, podendo não considerar como talentosas pessoas 40+.

Não estamos falando aqui somente de incluir os mais “velhos”, mas de olhar para diferentes gerações como possibilidade de contribuir para o desenvolvimento e perpetuação das organizações. Longevidade quer dizer convívio longo entre gerações.

Nossa sociedade produz e reafirma-se pelo etarismo, e as empresas estão nesse contexto. Nossa vida é pautada por fases relacionadas à idade. Não há dúvida que aos 14 anos estamos na adolescência, aos 21 adquirimos a maioridade, aos 42 temos uma crise, e com mais de 60 anos somos tachados como idosos, e o que nos representa, simbólica e socialmente é uma bengala.

Nas empresas também tem idade para tudo. Afirmações como “ela é muito jovem para esse cargo”, ou “ele já está em fim de carreira”, “ele não tem muita energia, não é muito ativo”, “ela não tem mais idade para atender ao cliente” são comuns. Tem idade para ser estagiário, trainee, para ter um cargo de gestão, e para se aposentar, ou não ser mais útil para a empresa, ou seja, para contratar, promover ou demitir.

Esses modelos fazem parte da nossa cultura e nos orientam. Descartar pessoas mais velhas e contratar gente nova, sangue novo, e com brilho no olho é a tendência. Descarta-se é uma atitude aceita e aprovada. Temos como exemplo, as aposentadorias compulsórias e os Planos de Demissão Voluntária. O descarte está dentro de nós. Afirmações como “eu não tenho mais idade para isso”, “estou ficando velho para competir”, “não tenho gás para aprender” são exemplos de auto cancelamento, utilizando uma expressão atual.

Segundo o sociólogo Domenico de Masi, “estamos no momento de desorientação, novas variáveis estão vindo à tona”, antes estava mais claro o que era de cada geração e suas representatividades, hoje somos surpreendidos por pessoas mais velhas com atitudes jovens e por jovens envelhecidos pelo excesso de trabalho ou de preconceito. Há ausência de modelos, momento oportuno para retirarmos as barreiras geracionais.

Para Márcia Tavares, pesquisadora de tendências da longevidade “não importa gênero, raça, orientação sexual, religião, PCDs, todos vamos envelhecer”. Precisamos criar novas formas de relacionamento entre gerações, eliminando o auto julgamento em primeiro lugar. Conversas são o início de um processo em que é necessário abrir espaço para trocas de experiências e conhecimentos. É preciso falar sobre o etarismo, para que consigamos aproveitar uns dos outros, o que temos de melhor, para oferecer e contribuir em cada geração. Não podemos esquecer que as empresas já sofrem com o apagão de profissionais, mas será que não é por que estão olhando todos para a mesma geração? Rodas de conversas dentro das empresas e trocas de experiências podem gerar novos rumos para o convívio e a oportunidade que se tem de ganhar com a diferença de idade.

CARMEM CASTRO – Idealizadora da Bússola Consultoria, Headhunter, Mentora de Carreira e professora universitária da Fadergs

DULCE RIBEIRO – Coaching de Vida e Carreira e professora universitária da Unisinos